A participação do PIB do Nordeste
em relação ao total nacional caiu de 65%, de acordo com o primeiro
recenseamento realizado no Brasil, em 1872, para cerca de 15% nos dias que
vivemos. Muitos fatores no caminhar da história contribuíram para a queda, mas
é fato que as decisões políticas e a distorção de interesses econômicos em
benefício de uma única região do nosso imenso território foram cruciais.
Entre 1930/1992 foram criados 159
grandes empresas estatais, a maioria privatizada após 1992. Vale citar a CSN,
Cia. Vale do Rio Doce, Embraer, Cosipa, Fábrica Nacional de Motores, Usiminas,
Petrobrás, Petroquisa, Acesita, Açominas, Loyd Brasileiro, Cia. Nacional de
Navegação Costeira, Ultrafértil, Aços Piratini, Petroquímica União, Nucleobrás,
Fronave, Marfesa, Siderúrgica Tubarão, entre outras. Isso corresponde a 591.192
empregados, folha de pagamento de US$ 9,5 bilhões, faturamento de US$ 59
bilhões, com um investimento inicial da União de US$ 11,7 bilhões e um
patrimônio líquido de US$ 118 bilhões. E tudo isso está concentrado no Sudeste.
No que diz respeito aos institutos
de pesquisas, que se constituem como formas eficazes dos governos induzirem o
desenvolvimento em determinadas áreas, a situação é igualmente desfavorecedora
para nossa região. Nos Estados Unidos, país continental como o nosso, esses
centros de pesquisas oficiais estão disseminados pelo país todo. As pesquisas
com foguetes são feitas no Alabama; as da Nasa em Houston, Texas; as
atômicas em Álamo Gordo, em New México; as de pesca em Daufin, Alabama; o
Robert Taft Walter Research Center, em Cicinatti, Ohio; o National
Environmental Theastern Radiological Heath
Laboratory, no Alabama; o National Environamental
Science Center, em
Triangle Park,
North Caroline; o National Institute of Occupational Heath & Safety, Cincinatti, Ohio;
o laboratório de Brokhaven, no estado de New York; o Fermilab, em
Michigan; o de ótica, no Arizona e as pesquisas eletrônicas no Texas.
No Brasil, ao contrário, estão
todos no Sudeste: Cepel – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, Fundão, Rio;
Centro Tecnológico Aeroespcail, em
São José dos Campos,
São Paulo; Centro Tecnológico de Informática, em Campinas, São Paulo; Finep, no
Rio; Instituto de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, São Paulo; Comissão
Nacional de Energia Nuclear, Botafogo, Rio de Janeiro; Instituto Nacional de
Energia Nuclear, Ilha do Fundão, Rio; Instituto de Rádio Proteção Nuclear, Av.
das Américas, Rio; Comissão de Energia Nuclear,
Pinheiros, São Paulo; Comissão Nacional de Engenharia Agrícola, Sorocaba, São
Paulo; Laboratório Nacional de Referência Animal, em
Pedro Leopoldo, Minas Gerais; Centro Regional Latino-americano de
Agricultura, Pirassununga, São Paulo; Centro Nacional de Educação Especial,
Urca, Rio; Centro Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal para Formação Profissional,
Bom Retiro, São Paulo; Fundação Oswaldo Cruz, Manguinhos, Rio; Centro de
Pesquisa René Rachou, Barro Preto, Belo Horizonte, Minas Gerais; Instituto
Nacional de Tecnologia, Praça Mauá, Rio; Instituto Tecnológico da Aeronáutica,
São José dos Campos, São Paulo; Instituto Militar de Engenharia, Praia
Vermelha, Rio; Instituto de Estudos do Mar, Angra dos Reis, Rio; Instituto de
Pesquisa de Fibra Ótica, Mogi das Cruzes, São Paulo.
Para criar a indústria
automobilística nacional (toda em São Paulo), no final da década de 50, o
Governo Federal permitiu, durante quatro anos, a importação de peças e
maquinário, com dólar subsidiado, ao preço de Cr.$ 18,00/dólar, quando o preço
real era de Cr.$ 80,00/dólar.
Para se ter uma idéia da
disparidade de investimentos, o DNOCS, durante 76 anos (1909 a 1984) investiu
exatamente US$ 3.188.66,800. Só em Itaipu investiu-se US$ 15 bilhões. Os
incentivos fiscais a ordem da SUDENE, em 22 anos (1962 a 1983), somaram US$ 4,2
bilhões. Se não tivessem tido cortes do PIN, Pró-Terra, SUDAM,
reflorestamento, pesca e turismo, seriam US$ 24.9 bilhões. Os dez maiores
projetos incentivados fora da SUDENE e do Nordeste; Tubarão, CSN, Ferrovia do
Aço, Cosipa, Itaipu, Carajás, Usina Hidrelétrica de Tucuruí, Programa Nuclear,
Açominas e Telefonia, somaram US$ 50 bilhões.